"Eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". " Na hora de da festa, todo mundo levanta os braços, ri e canta com orgulho, mas, passado o efeito do uísque com energético, da tequila e dos beijos descompromissados e sem amor, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos terapêutas,psicólogos, psiquiatras ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso, rejeição, indiferença, incompatibilidade, frustração.
A maioria não quer ser de ninguém, mas que quer que alguém seja seu. Sempre assim.
Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Lógico que sim. Dançar até amanhacer, trocar telefone com alguém que nunca irá ligar e flertar é emocionante? EVIDENTE.
Mas por que reclamar depois? Porque “toda ação tem uma reação”
Agir descompromissadamente tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida.
Não dá, infelizmente, para ficar somente com o sabor do doce, as calorias virão junto -
beijar de língua, namorar, ter alguém e não ser de ninguém.
Para comer o doce, é preciso encarar as gramas e elas vão muito além de descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.
Embora já saibamos que isso não vai dar certo muito tempo, tentamos...e por não dar mesmo certo, a gente acaba trocando, e trocando e trocando o artista, mas o personagem é o mesmo.
Dificilmente a gente se apaixona por esse ator, mas o personagem nos faz companhia e nos ajuda a manter a ilusão de que não estamos sozinhos.
È engraçado por exemplo, como fingir que está tudo bem, e pregar a liberdade tem visões unilaterias. Ninguém se queixa de nada, por exemplo se o outro desaparece por uma semana, e depois te liga.
Quem só quer o sabor do doce, enxerga só o lado negativo das relações sólidas. Não descobrem a delicia de assistir filmes debaixo do edredom num domingo de chuva, comendo pipoca e brigadeiro, o prazer de dormir abraçadinho, o sexo bom sem necessidade de acrobacias, a cumplicidade, o olhar que diz “te amo”, o carinho. Isso, é muito mais que cobrança. È cuidar e ser cuidado, é telefonar só pra dizer boa noite, é ter companhia de verdade, e se emocionar ao tocar uma mão, é transar por amor, ter um colo para chorar, uma mão para enxugar todas as lagrimas, enfim, é ter e ser de alguém, e é amar. Mas, isso é difícil? Bem, já dizia um poeta que “ amar se aprende amando”
O número avassalador de divórcios nos últimos tempos vende a idéia de que compromisso é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras.
Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição. No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais
viveram.
Hoje podemos optar com maior liberdade ,pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam. A questão não é causal, mas quem sabe correlacional.
Podemos aprender amar nos relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados.
Somos livres para optarmos.
E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver de verdade e correr atrás da felicidade. É doar e receber, trocar, estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. Tirar proveito da alegria e da dor, pois não ter ninguém é não ser livre para trocar, crescer e amar, e isso gera fracasso emocional e à tão temida solidão.